Quando estaremos prontos?
Terça-feira, 24 de setembro de 2019
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Quando estaremos prontos?
Você já se viu naquela situação em que sabe que precisa se mover, fazer algo, mas alguma coisa te segura?
É... talvez seja mais comum na humanidade do que imaginamos.
Podemos dar muitos nomes para isso... insegurança, falta de confiança, medo... ou, simplesmente, podemos chamar de Ser Humano... São “coisas” que vivem em nossos sentimentos, em nossos pensamentos ou em nossas profundezas que são tão difíceis de acessar que na grande maior parte das vezes preferimos ignorar.
Não é raro ouvir pessoas que dizem que preferem ficar na ignorância... mas normalmente quando ouço isso é a ignorância falando.
O que? Como assim? A ignorância falando?
É. Exatamente assim, no sentido de que se optamos conscientemente por ignorar algo, já temos consciência. Neste caso, assumimos a responsabilidade pelo nosso autodesenvolvimento escolhendo não fazê-lo agora, escolhendo ignorar e não assumir a minha vida nas próprias mãos. Mas normalmente quando tomamos consciência deste impacto, decidimos fazer diferente, escolhemos nos empoderar e tomar consciência.
Por isso afirmo que, na minha experiência, normalmente quando ouço isso, quem fala é a ignorância, não o indivíduo.
Mas porque temos tanto medo ou insegurança para agir?
Porque na ação nos expomos. Escrever este texto me expõe. Posso sofrer críticas, julgamentos, mas o mais difícil é que posso ver mais a mim mesma. Posso observar onde me encontro conforme os impactos que estas palavras causarão no mundo e com isso tomo mais consciência de mim, o que nem sempre é fácil, mas é libertador.
Por isso amo e recomendo a arte. Lembro em um sarau quando uma professora Waldorf apresentou-se pela primeira vez na flauta transversal e disse algo mais ou menos assim: quando praticamos, estudamos, ensaiamos, estamos preparando o instrumento. É aqui, na apresentação, que vemos o quanto estamos artistas, o quanto progredimos, o quanto estamos prontos.
Consciência dói. Nascer dói. Crescer dói. Mas sem dor não somos humanos.
Por que falar sobre tudo isso agora? Pela inspiração da dor. Pela encruzilhada que muitas vezes sou colocada em minha profissão e em minha vida pessoal que é a mesma que vejo tantos clientes passando em processos de Coaching ou quando procuram seu autodesenvolvimento através do maior conhecimento da Comunicação Não Violenta.
Qual é a encruzilhada?
Faço, ajo com consciência e assumo as consequências do que isso pode causar no mundo para o bem e para o mal? Ou espero mais um pouco, me preparo mais um pouco, leio mais um pouco?
Neste fim de semana assisti a pedido do meu filho adolescente o filme Capitão Fantástico. Vimos juntos, em família. Quantas reflexões... Trata-se de um homem com 6 filhos que desafia o que temos como um caminho “regular” na sociedade sobre educação. Certo ou errado? Um ou outro? Que atire a primeira pedra quem nunca errou.
Para mim, do filme e da vida que vivi até agora, com minhas ações, reflexões, encontros e desencontros, ficou assim: só sabemos se agimos. O resto é teoria. Aprenda com quem já caminhou, troque, informe-se, estude o máximo que puder, medite... mas que tudo isso não impeça a sua ação. É dela que vamos poder aprender realmente. Planejar, preparar, executar e observar, avaliar, aprender com o que fez. Assim criamos o mundo, assim criamos a nós, a nossas vidas. Peça desculpa se precisar, sim. Isso nos vulnerabiliza, nos conecta e nos aproxima, se for genuíno, se for verdadeiro.
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“Que se torne bom o que nós, a partir dos corações queremos fundar, o que nós, a partir da cabeça, a alvos plenos, queremos conduzir”
Rudolf Steiner, em A Pedra Fundamental
Tradução de Claudio Bertalot
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Como já disse Mário Sérgio Cortella: “Não nascemos prontos” e eu pergunto: “Quando estaremos prontos?”
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Gleice Marote é idealizadora e fundadora da Keea Yuna Desenvolvimento Humano, Organizacional e Social. Atua como coach de indivíduos, grupos e times; mediadora e facilitadora em processos de Desenvolvimento Humano e Organizacional a partir da Antroposofia e da Comunicação Não Violenta