Guerras invisíveis e o papel fundamental da consciência, do encontro e da auto educação
Quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Ontem, enquanto aguardava na recepção do Civi-Co para uma reunião sobre apoiar o desenvolvimento de organizações de impacto social, observei o movimento local do dia.
Um público internacional compartilhando e recebendo informação sobre a violência contra a mulher no Brasil e a única frase que me vinha à mente era: vivemos guerras invisíveis!
São tantos os nossos problemas sociais que muitas vezes preferimos nos alienar por diferentes motivos. Mas enquanto nos alienamos, a violência segue estampada para olhos que não vem e ouvidos que não ouvem. E eles são tantos... tantos que não percebemos a violência contra nós mesmos e a violência que cometemos contra o outro diariamente, sem a mínima consciência.
Como assim, eu violento?????
Isso mesmo. Eu violento. Muitas vezes comigo mesmo, muitas vezes com o outro.
No caminho da Comunicação Não Violenta ampliada pela Antroposofia uma das minhas bases utilizada no Curso que ofertamos na Keea Yuna é um pequeno livro editado sobre uma palestra de Rudolf Steiner denominado “Impulsos sociais e antissociais no ser humano”.
Como esse livro começa? Com uma singela e profunda introdução que relata:
“A cultura de Paz e Não-Violência é fundamentada por documentos internacionais que expressam o anseio do ser humano de viver em paz interior e exterior. Este anseio, que nasce do cerne espiritual do ser humano, é semelhante a uma pedra preciosa que só brilha se a soubermos polir com a força do nosso coração e a sabedoria de nossa cabeça.”
É isso. Como humanidade expressamos em nossas leis e tratados a sociedade que idealizamos ser mas, na prática, o que fazemos para isso tornar-se realidade? Como fazemos acordos com quem está ao nosso lado?
Como encontramos o outro no nosso dia a dia? Como encontramos a nós mesmos como um ser que pensa, sente e tem necessidades? E como nos comunicamos a partir disso?
O caminho indicado é tão singelo quanto o parágrafo replicado aqui: interesse genuíno pelo outro.
Só consigo me encontrar com o outro se durmo em mim, se silencio por alguns instantes meus pensamentos, minhas necessidades e o que sinto sobre o que o outro está vivendo e, simplesmente, vou com ele. Nos co-responsabilizamos por uma situação comum, sem que eu entre na dor do outro, mas que eu o acompanhe.
Companhia. Verdade. Amor.
E para mim, um olhar honesto, genuíno e verdadeiro, da coragem de um guerreiro que não teme ver a realidade. A realidade do que sinto, penso e preciso e, diante disso, em um ato de humildade, posso pedir ao outro.
Mas normalmente o problema é que nos enganamos de que tudo está muito longe e não posso fazer nada... ou mando dinheiro para ajudar as vítimas de algum lugar devastado de uma guerra ou desastre manifesto pela natureza por nossas próprias ações... e fico com “a consciência tranquila”, me desonero através do socorro à guerra visível. Será?
O que fazer? Agir. Em corresponsabilidade. Ouvir mais, compartilhar o que eu tenho e nem sei... interessar-me verdadeiramente por quem o outro é e quem sou eu. Quem somos nós, seres humanos. Esse que tem o poder de escolher, agir e criar.
Que mundo estamos criando? Que guerras estamos lutando?
Para fazer parte da nossa comunidade ou participar dos nossos encontros, acesse: www.keeayuna.com.br
Gleice Marote é idealizadora e fundadora da Keea Yuna Desenvolvimento Humano, Organizacional e Social. Coach de indivíduos, grupos e times. Mediadora e Facilitadora de Diálogos e Processos de Desenvolvimento Humano e Organizacional.